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300 Anos de Céu

  Havia um homem que teve 300 anos de céu. Na terra, é claro. Seu nome, Enoque. Diz o Htexto sagrado: “E andou Enoque com Deus, depois que gerou a Metusala, trezentos anos; e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Enoque trezentos e sessenta e cinco anos.” (Gênesis 5: 22, 23).

     Registra-se que aquele tempo – tempo dos patriarcas – a longevidade era regra e não exceção.

     Dos trezentos e sessenta e cinco anos de Enoque, trezentos foram de céu e os restantes não sabemos se foram de inferno. Ou se ele foi um ímpio antes de ser piedoso. Esse pormenor é irrelevante: digno de admiração é que ele tenha vivido tanto tempo com Deus. Pois viver com Deus é céu. Céu-estado, ainda que não seja céu-lugar. Este fica longe, não sabemos onde: céu não tem geografia. Mas o céu-estado pode existir na terra: Enoque esteve nele.

     Mas o que de fato é céu–estado? É o céu interior que existe dentro e não fora de nós. Trata-se de uma realidade subjetiva quando o temos no coração. Assim a terra pode ser um vestíbulo do céu. Uma antecâmara do céu. Portanto, um fiapo de céu. Um pedacinho só. Mas não faz mal: antes de ser metade do céu do que ter o mundo inteiro.         

    Mas afinal de contas, em que consiste o céu na terra? Nos prazeres legítimos que aqui temos – o prazer do belo é um. Vendo um quadro, ouvindo uma música. O prazer do conhecimento: a verdade não nos fascina? O prazer do bem: não é bom ser bom?

    No céu este prazer, o prazer do belo, será contemplado: céu é estesia. Mas o que há de essencial no céu é comunhão com Deus; lá não haverá aquilo que intercepte essa comunhão. Paulo achava que a morte seria uma solução para ele: por que? Porque para ele morrer seria estar com Cristo (Fil. 1:23). Ora, na terra podemos estar com Cristo, como Paulo escreve; “pra mim o viver é Cristo”, disse ele (Fil 1:21)

    Este é o céu que podemos reproduzir em miniatura na terra: Deus, na terra como está no céu. E nós vivendo em companhia dele. Lágrimas continuarão a correr em nossos olhos. Embora mesmo chorando a terra será céu para nós, até que cheguemos ao céu além, onde não haverá pranto, diz o texto sagrado. Nem morte. Nem clamor. Nem dor. (Apoc. 21:4).

    Paulo teve o céu-cárcere convertido num céu-paraíso. Porque Paulo tinha Jesus. Esse foi o céu de Enoque, o patriarca. 300 anos de céu aqui e uma eternidade de céu além. Céu-estado, aqui: céu-lugar e céu-estado, além. Porque ele andou com Deus e Deus é céu.

    Só que na terra a nossa visão de Deus é quase nada. Como se víssemos em enigma, por um espelho, enquanto no céu o veremos face a face. Mas vale a pena ter Deus, nem que não possamos vê-lo: os cegos não tem família?

PR. ANTONIO SÉRGIO

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